segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Quentes e... Boas!

O tempo começou pouco a pouco a arrefecer e, como que a anunciar o inverno, apareceram as primeiras castanhas. O pregão – quentes e boas! – era um sugestivo convite para, com uns cêntimos ou um euro, se adquirir um cartuchinho feito com páginas de jornal, em que umas tantas castanhas assadas faziam as delícias de velhos e novos.
Na esquina da grande avenida na cidade, uma carrocinha de castanhas fumegava como se fosse uma chaminé.
Era um postal muito significativo e habitual de um Outono que caminhava bem depressa para o frio do inverno.

- Que engraçado, não vejo ninguém, Nuno - Dizia Lina, desejosa de comer castanhas assadas que lhe pedia sofregamente a sua gravidez já muito adiantada…
Nuno parou o carro mesmo junto às maravilhosas castanhas e saiu para as comprar. Alguém havia de aparecer mas, qual não foi o seu espanto quando viu um garotito com um grande gorro que fazia canudos com folhas de jornais, onde colocaria depois as castanhas para os eventuais clientes.

- Quem é o dono da carrocinha? - Perguntou Nuno.
- Sou eu! - Respondeu o palmo de gente com muito orgulho.
- Tu? Que idade é que tens?
- Nove, senhor. – Disse o rapazito muito empertigado. - A minha mãe está no hospital à espera de vez para ser operada mas o negócio não pode parar, claro!
- Evidente... – Sorriu Nuno. - E a escola? Tens faltado?

- Falei com a professora e ela entendeu o meu problema. – Afirmou ciente da sua responsabilidade.
- E o teu pai não podia agora ocupar o teu lugar?
- Não tenho pai – Disse quase num murmúrio.
Momento de intensa emoção para Nuno que ia ser pai dentro em breve.
- Diz-me como te chamas e em que hospital está a tua mãe.
O pequenito achou a pergunta descabida…
Dali só queriam as castanhas… Qual a razão de tanta pergunta? Mas achou que o senhor era simpático e interessado.
- Chamo-me Pedro e indicou o nome do hospital onde a mãe esperava por um milagre.
- Sabes Pedro, eu sou médico, e por coincidência ou não (talvez seja a mão de Deus) trabalho nesse hospital e vou por a tua mãe capaz de voltar para o seu trabalho, para tu continuares a estudar.
Pedro comoveu-se perante um futuro que, minutos antes, lhe parecia tão distante.
Pegou em dois pacotinhos de castanhas, deu um ao Nuno e debruçado na janela do carro, entregou outro a Lina que tinha os olhos marejados pensando no filho que trazia no ventre.
- Quando nasce? – Perguntou Pedro com carinho.
- Dentro de um mês. – Disse Lina limpando as lágrimas.
- Quanto é Pedro? - E já Nuno abria a carteira…
O garoto levantou a mãozita e o rosto suavizou-se num imenso sorriso.
- É oferta da casa! – E riram os três, naquelas gotas de felicidade que diariamente caiem nas nossas vidas mas que é preciso estar atento para as não perdermos.
O tempo passou e num domingo frio e cinzento, a carrocinha das castanhas continuava na esquina da grande avenida.
Por de trás dela, uma mulher e uma criança faziam pacotinhos com folhas de jornais para colocar as suas castanhas…

De repente, um carro parou mesmo junto a estas figuras.
- Dois pacotes de castanhas. – Pediu uma voz de dentro do carro…
- Ah, senhor doutor que alegria em vê-lo e tanto que tenho para lhe agradecer.
-A mim? Acredite que não. Há um ser superior que toma conta das nossas vidas. A esse sim, é que deve agradecer.
O garoto aproximou-se e beijou a mão poisada na porta do carro e disse com as lágrimas a escorrer pelas faces frias pelo vento gélido que passava:
- Obrigado senhor doutor…
Nuno saiu e deu-lhe um abraço.
- Já sei que voltaste para a escola e estamos muito contentes. És um herói.
Pedro meteu a cabecita pela janela do carro e olhou Lina e o bebé que dormia docemente ao colo da mãe.
- Como se chama? – Perguntou.
- Pedro, só podia ser Pedro.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Solange

Tem uns olhos enormes, azuis, não sei se espantados com o mundo se com a vida! Olha tudo atentamente e quando fecha as longas pestanas há salpicos do Índico onde a maresia ficou presa. Com o princípio do ano mudei-a de lugar. Estava na papeleira sentada por cima dos meus livros preferidos com um ar aborrecido com uma leve ruga na sua testa mimosa…
O cabelo loiro ligeiramente frisado, apanhado em cima da sua cabecita com um laço igual ao vestido, já não esvoaçava com o vento e o sol não adormecia naquele campo de trigo tão fofinho… Juraria que há pouco tempo lhe ouvi um soluço… Como é complexa a alma feminina!
Decidi sentá-la a meu lado! Compôs a roda do vestido de um xadrez miudinho preto e branco animado com uma espiguilha colorida, onde há um bolso com dois corações muito juntinhos… Suspirou feliz! O traço vermelho que é a sua boca abriu-se e esticou-se até às orelhas. Reparei que corou um pouco… Fiz de conta que não vi…
O ruído dos meus dedos no teclado do computador não lhe agrada… vai suportando!
De vez em quando olho-a! Ela tranquiliza-me, simplifica-me; explica-me a vida sem nada dizer porque já viu muito… Tem uma serenidade, uma nobreza que guarda no seu coraçãozito!
Não lhe conheço nenhum capricho para além de gostar dos banhos de sol e de velar o meu sono toda a noite… Creio que as nossas duas almas continuam sensíveis, muito vivas, para que o dia de hoje possa ser diferente do de ontem e do de amanhã. Todos estes cambiantes me enternecem…
Ah! Ainda não vos disse o seu nome: chama-se Solange!
Chegou a minha casa numa manhã perfumada de Abril, no dia do meu aniversário. Vinha num embrulho sofisticado, elegantemente acompanhada com um delicioso cartão que era quase o seu bilhete de identidade… Quando a vi lancei um grito de alegria e ela olhou-me cheia de ansiedade…
- Chama-se Solange, para substituir a que não tivemos…
Olhou-nos espantada e com aquele olhar apoderou-se de nós… para sempre.
Eu, que rio sempre, chorei como uma criança…
- Ah, Miúda, minha Miúda…
Suspiro… Fitou-me demoradamente com os seus olhos claros que hoje me pareceram húmidos…
Sim, eu sei muito bem o que eles me querem dizer: estou aqui para que continues a sonhar, a acreditar nas estrelas e no amor...


Por entre as cortinas do meu quarto vejo um céu muito azul num dia frio de Inverno… Parece uma porcelana… Há perfumes de rosas vindos não se sabe de onde… um perfume quente, delicioso que nos envolve às duas…
Trocámos o olhar e vi no seu rosto de boneca uma ternura tão grande, como se alguém a tivesse esquecido no bolso do seu vestido onde há dois corações juntinhos…
Foi a última prenda do Eugénio...


sábado, 11 de julho de 2015

Melancolia


Hoje a melancolia chegou de um modo inesperado, mas lindo! O sol parecendo um imenso olho laranja com uma auréola vermelha, mergulhava feliz no mar calmo da tarde.
Faltavam as doces palmeiras e eu estaria fisicamente na minha terra. As temperaturas altas do dia deliciaram-me. Cruzei os mares, mergulhei no Índico e recebi sorrisos não poluídos.


De vez em quando acontecem emoções na minha vida… Alguém tem pena de mim e envia-me estas ondas de melancolia um pouco em desalinho. O sol queimava e ficava na minha pele.
Ao fechar os olhos, o mar sussurrava cânticos que eu conheço de longe. Seria verdade? Onde estaria?
Na minha procura nunca saciada e nos encontros por celebrar, colhia absurdamente respostas para tantos enigmas. Neste tempo sem horas, no montão de uma quinquilharia desordenada, encontrava o essencial.
Bater as asas e voar para outra latitude não é difícil. Pode ser um delírio. Mas há um caminho que me conduz sempre aonde eu quero. E recomeço mais uma vez…
Estrada de areia batida por pés descalços, doridos, mas felizes... Espero que me reconheçam. Passou tanto tempo… Talvez nos meus gestos encontrem afectos de outras horas. O coração nunca envelhece e o meu, morre jovem. Saberão encontrar-me no meu sorriso, embora o meu passo seja mais lento. Eles, parecem-me os mesmos, humildes na sua pobreza, mas livres.


Não, não quero acordar!
Sei que a noite caiu a meu lado, mas os meus olhos estão forrados de manhãs azuis. Os sonhos são rápidos e trazem-me uma alegria enorme que me invade e transforma a minha realidade. Desesperadamente fecho ainda mais os olhos, procurando segurar-me na inquietação do imediato.
Não posso ficar aqui indefinidamente! Abro os olhos devagar, muito, mas muito devagar e olho… as estrelas. Tinha-me esquecido delas. Brilham como contas.
A maré devolveu-me ao ponto de partida. Escuto os sinais. Pode não ser tudo, mas é alguma coisa. Se o exterior me fere, então, recolho-me na minha concha que o mar acaba de devolver à praia... E nela sim, no seu (meu) interior, está o paraíso que eu procuro.
Prolongo o círculo, alargo os braços e o meu desejo confunde-se com o vagar das ondas…
Apetece-me cantar, dançar à volta da vida vivida… Quantos terão, assim como eu, tesouros? Afinal, vou levar a melancolia comigo e, quando quiser, basta fechar os olhos e percorrer a viagem misteriosa da vida.
Regresso ressuscitada, disposta a cruzar-me com todos e ensinar-lhes a possibilidade de serem felizes.
Os meus olhos estão cansados, mas o meu coração, apesar de bordado com tantas cicatrizes, canta uma canção feliz e olha o futuro na plenitude deste momento.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Rosas


Gosto de rosas! Rosas simples, dobradas ou singelas. De todas as cores já se vê. Existem inúmeras espécies de rosas, com tonalidades e estruturas diferentes. Dependem do terreno onde estão e da mão do homem que, num trabalho delicado e minucioso pode obter milhares e milhares de variedades. Mas as rosas que mais gosto são as do meu jardim! Salpicaram de todas as cores o verde da sebe e brotaram pujantes numa quantidade nunca vista por mim, no mês de Maio e agora em Junho. 


Gosto de todas elas mas tenho particular carinho por uma, quase negra, cujas pétalas são espessas como o veludo. Era também a preferida de alguém que já partiu. Quando à tardinha me sento no banco do meu jardim não calculam os diálogos que mantenho com ela. Cativou-me tal como a rosa ao Principezinho de Saint-Exupéry. E é também exigente como a rosa do livro.
- Quero que me protejas do Sol! Não deites água a mais nem a menos... Olha como a relva já cresceu ao meu redor... - Que saudades de outros tempos! - Sabia o que ela queria dizer mas não lhe dei ouvidos.
- Quero crescer como a rosa branca e ver o Mundo para lá da sebe. - A Rosa Amarela mesmo vizinha da presunçosa disse-lhe:
- O que queres tu ver? – Não te chega a paz deste jardim, a sinfonia dos passarinhos que poisam na relva e os gemidos do chorão em noites de prata!?
- Só gostava de conhecer mais um pouco de tudo. Há algum mal nisso?
- Claro que não! Interrompi antes que a conversa se azedasse. Compus o canteiro, tirei-lhe as ervas que ela não gostava e deitei-lhe água com carinho. Numa das suas pétalas maravilhosas ficou apenas uma gotinha, límpida como uma lágrima de cristal, onde os raios de se Sol se multiplicavam como um pequeno arco-íris.


- Obrigada. E depois numa voz sumida, perguntou:
- Estás triste?
- Não, que ideia; apenas saudosa...
- Compreendo - atalhou depressa. Também eu sinto saudades, tu acreditas que as flores têm sentimentos?
- Claro, porque não?
- Sabes porque fiquei aqui, mesmo defronte do banco onde te sentas todas as tardes?
- Não. Talvez porque era o sítio mais abrigado e tu eras a mais preciosa...
- Também. Mas deixaram-me um recado para to dar todas as vezes que te visse triste e daqui posso olhar sempre o teu rosto e sentir a tua alma.
- E então?
- Ele disse-me – Quando a vires triste e com os olhos orvalhados, alegra-lhe o espírito com a tua cor e a tua beleza e diz-lhe ao compasso do vento – Sê feliz, Sê feliz, Sê feliz...
 



terça-feira, 17 de março de 2015

O Silêncio

Quem disse que o silêncio
Não fala?
A semente, na terra,
Germina na calada da noite…
É tolice pensar que o silêncio
Não gera a vida
E tem mistério
Que não sabe revelar.
Ele é essência do fruto maduro
Que gota a gota se formou,
No escuro.
 














É tempo sem idade
Que nos ensina a calar.
É seiva imensa que lembra
Eternidade.
É pátria dos fortes,
Dos que não têm nada.
Basta-lhes o silêncio como fonte.
Alimentados pela solidão,
Gritam liberdade na noite vazia.
São pesados os sonhos
Dos que apenas sabem falar.
Por isso não têm
Tempo para pensar.
Falta-lhes o sorriso
Cultivado no silêncio,
Guardado como a semente,
A germinar.
 
Virá um dia em que o silêncio
Será flor,
Será palavra colhida com amor
Na terra arada pelo sofrimento
De tanta gente.
Infelizes são os que não entendem
Que há um momento
Em que o coração sente que os mais felizes
São os que falam
Com o pensamento.
Dizem tudo sem dizerem nada
Porque o silêncio é grande,
Quando fala.

- Graça Pereira Machado



segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Sexto Aniversário do Blog Zambeziana


Quando em 2009 comecei este caminho, por vias nunca percorridas, pensei que havia muito tempo para fazer tudo o que pretendia. Seis anos! Passaram seis anos e eu quase não dei por eles… Os dias acordam num pulo e os anos já não são como antigamente. Ainda ontem era natal e estamos quase em vésperas da primavera… Parece-me que o tempo me pregou uma partida, silenciosamente, foi-se ausentando. Tenho postado pouco, sem dúvida. Editei um livro e tive de parar necessariamente.


Mas hoje é um dia diferente, é preciso festejar com todos aqueles que me ajudaram a continuar; que vieram aqui comentar, felicitar, falar do “FEITIÇOS”… Apetecia-me escrever para cada um de vós, encher páginas e páginas de coisas bonitas e agradecer-vos de todo o coração. Hoje quero celebrar o nosso encontro, voltar a fazer-vos as mesmas promessas no perfume e na frescura desta manhã e criar laços apertados para fortalecer a Amizade para que, todos juntos, aprendamos a celebrar a vida.

O futuro é uma página ainda em branco que não sei se a escreverei mas, se o fizer, prometo que será colorida. A vida está cheia de encruzilhadas e muitas desilusões. Mas ninguém me dá direções: sou eu que as tenho de encontrar, no pulsar do meu coração, no sangue que me aquece, no inventar da vida que posso respirar a forma mais bela, como um rosa rara num jardim.

Depois de tudo, o melhor da minha vida, encontra-se nos vossos corações. A nossa Amizade teve também as suas canções… e é preciso que elas continuem

Obrigada por tudo, por este Aniversário, pelo vosso carinho que é semente de um novo caminho.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Gabriel

Na varanda do quarto do hotel, Gabriel ouvia os ruídos da noite. Fechou os olhos e os sons materializaram-se na sua memória, transportando-o à infância.
Eram iguais. Incrivelmente iguais. O dialecto falado pelos negros que passavam sem pressa, o vento das folhas das palmeiras, mas tão diferentes dos ruídos de Lisboa ou doutra capital europeia.
Cada cidade, pensou, cada lugar, tem um ruído de fundo específico, como uma música que lhe pertença e seja tocada, interminavelmente, ficando ligada às coisas, às pessoas, às árvores.
Aquele era o som de fundo que ouvira durante toda a sua infância e juventude... Depois, partira para Lisboa, onde passara o resto da sua vida E aí, o ruído era outro.
 
Ainda estava para saber o que lhe passara pela cabeça para se meter naquele avião, em Maputo, e ir ao Norte de Moçambique, em visita ao lugar onde crescera. Não era do tipo saudosista e sabia que essa visita iria, inexoravelmente, prejudicar a suas memórias ciosamente guardadas. Tal como uma fotografia tirada acidentalmente sobre outra, por não se haver rolado o rolo fotográfico. Com a desvantagem da última, mais nítida, anular a primeira, aquela que já fazia parte integrante do passado.
Não devia ter vindo pois aquele lugar já não lhe pertencia As coisas escapavam-se-lhe quando tentava encontrá-las, adquiriam novas formas, novas maneiras de ser e de estar, que nada tinham a ver com o que queria que fossem.
Excepto os sons. Esses eram os mesmos. Excepto a noite quente, excepto os cheiros familiares.
Será que o ouvido e o olfacto são tão importantes como a vista na recolha das memórias? Na varanda do Hotel, sentiu uma imensa angústia invadi-lo. Como a que se sente perante um amor perdido e que não se queria perder. Como a que se experimenta no reencontro de um amigo íntimo de infância, que entretanto envelheceu e nos olha com olhos curiosos e distantes.

Sentiu o suor da noite quente, desceu e foi para a rua. Dirigiu-se, uma vez mais, para a casa onde crescera, tentando que ela lhe falasse e o acolhesse. Ali estava ela, decrépita, abandonado o jardim e as árvores, sem passado, nem futuro, simplesmente morta. Como casa que foi casa mas que já o não é. Aliás, reflectiu, como casa sem lugar aqui, tão desajustada como eu, vagamente europeia e totalmente rejeitada.
Em frente, no terreno vazio, tinha aparecido um bar e restaurante que não existia no passado. Esse sim, perfeitamente adaptado aos novos tempos, coberto com folhas de palmeira e com algumas mesas espalhadas por baixo da grande mangueira. Pelo menos serviam caranguejos e camarão, sempre bons como dantes.
Entrou e procurou alguém. Levou tempo a ver o velho sentado no canto, com a garrafa de cerveja na mão, que o olhava com olhos curiosos. Pediu os caranguejos e a cerveja e voltou a olhar para o velho.

Os olhos curiosos não o largavam e pareceu-lhe vislumbrar uma espécie de sorriso
- Sabes quem eu sou?
- Sei, disse o velho lentamente, és o filho do senhor inspector e vieste ver a tua casa.
- Mas já não é a minha casa- disse Gabriel. Foi aí que o sorriso se abriu
- Para ti é sempre a tua casa, senão, não tinhas vindo.
Esquecida a cidade, Gabriel reencontrava o seu lugar, a sua infância, as suas memórias. Começavam naquela casa, prolongavam-se no terreno vazio e terminavam no sorriso daquele velho.
- Vamos comer caranguejos, disse. Já passou tempo demais.

 - José Alves Pereira in "Poemas & Retratos"



"Nunca se deve regressar aos sítios onde fomos muito felizes"
 - Graça Machado in "Feitiços"

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Feliz 2015!!!

 
Às vezes o rio transborda (talvez fosse o BONS SINAIS) alagando margens e não dando espaço para mais nada! Publicar um livro não é fácil… É o antes, o durante e o depois… Mas, quando o sonho se realiza e o leitor afirma que gostou do que leu, todas as canseiras ficam esquecidas.
Volto ao blogue deixando o FEITIÇOS a cumprir a sua missão ao sabor das ondas sem praia.



O começo de um ano NOVO, prontinho a ser estreado, é mais do que voltar ao quotidiano. Exige um momento próprio como se pisássemos um terreno privado, quase sagrado.
Há quem faça listas, extensas, quase impossíveis de realizar. Também já as fiz num outro tempo no qual a maturidade era ainda um fruto desconhecido para mim.
Este ano não comi as doze passas à meia-noite, entendi que fazer doze pedidos prontinhos a serem atendidos era quase fazer do céu um super mercado!
O resto virá por acréscimo, sempre ouvi dizer! Depois da saúde, imprescindível mesmo, é o AMOR. O amor gratuito ocupa espaços vazios em todos os corações. Transporta-se nos ombros da alegria e, por vezes, sabe a pão acabado de cozer.
Gostaria de abraçar o mundo inteiro neste começo de ano acabadinho de ser estreado.
Gostaria que os homens entendessem que caminham na mesma estrada e que a grandeza do seu final depende tão somente daquilo que se deu com amor.



A vida chama por nós… Vamos juntos?
 
Feliz ano de 2015!